A VINGANÇA DE MARX

26/08- O que, minino? ENQUETE4 já tá com 71 votos? Tu já votô, esse minino? E tu, essa minina? É só um , jesuis!! 

25/08- Se você é pessoa pública ou pretende ser, aprenda com EDILSON :

Veja, edição 2206, 02/03/2011

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……………………………………………………………………………………….A VINGANÇA DE MARX

Notou no maço de notas na foto, leitor? Bem que ele poderia significar uma homenagem de Carl Marx ao brasileiro Israel Batista, o ex-chefe da comissão de licitação dos Ministério da Agricultura que, apesar do vencimento divulgado, barrou um lobista e denunciou a corrupção, sem recompensa pelo Estado (veja a entrevista http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1608201102.htm), né?  Será que essa entrevista saiu em algum saite de trabalhador?Bem, não se sabe o que a outra mão de Marx tem, sob o paletó. Mais notas certamente não, já que ele era de uma pobreza de , segundo Edmund Wilson (veja UM PARÊNTESE PARA MARX em  FASCISMO DE ESQUERDA extratos). Mas que aqueles dólares estão lembrando alguma coisa, estão. No mínimo, que tudo o que é solido desmancha no ar, sob o fogo erótico do Capital, apesar de gente como Israel.

Antes de entrarmos nesse Tudo, leitor, veja o que MEGNAD DESAI, o indiano com PHD na Pensilvânia, longa carreira em Londres e crachá de ex-aluno de prêmio Nobel, diz em justificativa ao seu título:

“… o modo como Marx foi lido pelos marxistas e seus amigos (e mesmo pelos seus inimigos) moldou boa parte da fermentação ideológica durante o curto século XX (1914/1989) e influenciou também as nossas ciências sociais e, na verdade, toda a nossa visão das relações entre o Estado e sociedade…” (fl.15)

Se você andou tomando sopapo (ou pelo menos alguma carreira) da polícia em anos de juventude e agora acha que pode ter sido enganado, não se desespere. Nem tudo era como dito:

Marx não advogava a nacionalização das indústrias ou a substituição do mercado por um sistema de planejamento centralizado. Não esperava que um Estado (mesmo um Estado “socialista”) aliviasse as condições dos trabalhadores. Ele era defensor do livre comércio, inimigo das barreiras tarifárias. Não defendeu o monopólio de um partido único e nunca afirmou que o Partido Comunista (…) deveria guiar o proletariado (…) O emprego do terror, do partido faccioso para alcançar o poder, era para ele o ‘blanquismo’… (se precisar, consulte o Dr. google)

(…) Marx não era amigo do capitalismo, mas seu melhor estudioso e dedicou mais da metade dos seus 65 anos à pesquisa da dinâmica capitalista, numa perspectiva para descobrir as forças que o levariam ao fim, com a sua eventual substituição pelo comunismo. Não se tratava, porém, de substituir o governo do Estado capitalista por outro que implantasse o socialismo. A ideia de que o socialismo pudesse ser implantado pelo Estado estava bem distante de tudo aquilo em que ele acreditava…” (fl.16)

A VINGAÇA DE MARXA Ressurgência do Capitalismo e a Morte do Socialismo Estatal (SP, Códex, 2003)  não é um livro novo, leitor (adquiri-o recentemente como parte de uma biblioteca; veja VOCABULÁRIO DE IDEIAS PASSADAS), mas o tempo só lhe trouxe alegria. Na verdade, trata-se de uma breve história de quase tudo na vida política e econômica do século XX, de onde o autor, com a intenção declarada de irritar, provocar e explicar (fl.07), desencavou um Marx não marxista e o pôs a falar, talvez em viva voz. E para comprovar a sua tese (de que os pregadores de Marx – os marxistas prenderam-se ao Marx da juventude, omitindo o Marx maduro, que já não tinha tanta certeza quanto à ruína rápida do Capitalismo– fl.24, 194/5, 205, 280, 302/3, 310, 316, 367, 416/7), o autor fez um périplo por tudo que considerou importante naquele século, chegando mesmo a considerar o chamado socialismo real não mais do que um “…capitalismo sem a presença de capitalistas (…)usando procedimentos semelhantes àqueles empregados na história do capitalismo…” (fl.194). Veja, leitor, que do início ao fim, esse consumidor de Marx desde a adolescência e ex-professor de economia marxiana evita ilusões, independente de haver ou não alguma verdadeira:

“… o  capitalismo não é um sistema suave ou benevolente, mas é o meio de produção de riqueza mais eficiente já descoberto. Não tem um objetivo genérico, porque funciona mediante os esforços feitos por milhões de agentes em busca de lucro e, como efeitos colaterais, gera crescimento econômico, prosperidade e emprego. Mas causa, também, muita miséria e destruição com a sua tendência à  mudança permanente. No entanto, nos últimos duzentos anos, obteve o maior ganho em bem-estar de todos os milênios precedentes…” (fl.414)

Note-se que bastaria o autor dizer que em menos de 80 anos, o “socialismo” se desfez sem jamais atingir qualquer nível de excelência ou satisfação, a não ser para os chefes ou o Chefe (tomara deus que a educação cubana sirva ao país quando ele precisar criar riqueza); poderia dizer, também, que o capitalismo – inclusive o de muita exclusão- faz o progresso de muito gogó mais arredio ao trabalho do que ao prórpio capital , etc, mas – sejamos justos – reconheçamos que o capitalismo de direita teve a seu favor o próprio fato de admitir oposição, nem sempre punindo-a com a morte, como fez a esquerda científica.  Não sendo bobo nem nada, eleo tal, o gostoso, aquele que tanta gente xinga depois de ter os seus mais íntimos anseios satisfeitos, mas  sem a coragem moral de forçá-lo a distribuir educação por exemplo, para que mais desejos sejam atendidos – o capitalismo, sempre que obrigado, absorveu a crítica e se corrigiu (o livro é repleto de exemplos de tigres asiáticos, China, o retardatário Brasil…). Tudo  isso está na “…mudança permanente…” a que se referiu o autor. Aliás, lembra de Tudo? Eis:

“…a revolução constante da produção, o distúrbio incessante de todas as condições sociais, a incerteza e a agitação permanentes distinguem a época burguesa de todas as anteriores. São varridas todas as relações fixas e congeladas, com a sua sequela de opiniões e preconceitos antigos e venerados; e todas aquelas recém-criadas  tornam-se antiquadas antes que possam ossificar-se. Tudo o que é sólido desmancha no ar, tudo o que é sagrado é profanado, e o homem é finalmente obrigado a enfrentar, com a sobriedade dos seus sentidos, a realidade das suas condições de vida e das relações com os outros …” (fl.17)

Daí:

“…meu argumento é que na ressurgência triunfal do capitalismo e na sua abrangência global, o único pensador que teve as suas ideias confirmadas é justamente Karl Marx. E não é só: o desastre da experiência socialista inaugurada em 1917 não entristeceria Marx, mas o alegraria (…) Na verdade, se chegássemos a uma escolha entre o domínio da economia pelo mercado ou pelo Estado, os liberais modernos se chocariam tanto quanto os modernos socialistas (social-democratas, etc) ao encontrar Marx do lado do mercado…” (fl. 16)

Tá tonto, leitor? Calma, é assim mesmo; o mundo nunca foi o que pareceu. Eu também fiquei e, na verdade, ainda estou desde os primeiros disse-me-disse sobre a vida íntima do PT e suas prefeituras no interior paulista (veja A ERA LULA- parte 1, QUE PANCADA!,  O POVO NÃO É BOBO, ABAIXO…). Claro que, para quem se emocionou com a Globo dizendo  “o operário Luiz Inácio Lula da Silva é o presidente eleito do Brasil”, o mensalão depois do qual as bandeiras vermelhas oficiais nunca mais foram as mesmas e tantas outras cositas mas foram  quase um golpe. Mas, …deixa a tristeza pra lá, vem comer, me jantar… (MULTIUSO8), deixemos de rabujice e admitamos: a política, a mais bem ornamentada das prostitutas, é isso mesmo. Ela, como o capitalismo, é a cara do ser humano (desejo, interesse, irracionalidade, grana…) e o máximo que pode acontecer é, com distribuição de poder (propriedade, educação, bom sistema judiciário…) os excessos (dê uma olhadinha em CABA NÃO, MUNDÃO) serem coibidos. Ah, tinha esquecido, mas não posso negar: quando li a auditoria (lembra da auditoria (veja ELE ESTÁ SÓ. E SEM O QUE FALAR!,  “SERRI, GENTE” ….)? também bateu uma tonturazinha, viu? Embora não muita.

Sendo, portanto, “… uma tentativa de compreender o nosso mundo contemporâneo – o mundo da globalização ou apenas do capitalismo…” (fl.9), A VINGANÇA DE  MARX não retornaria ao Marx original (fl.24) só pra vender livro, né, leitor? Tudo bem que o capitalismo é doido: vende até manuais de como destruir-se, como era pródigo até os anos 80, mas essa moda já passou (isso era na época do Fiat 147… De lá pra cá, tanta coisa mudou! Veja QUANTA DIFERENÇA!)  É verdade que, para a grande maioria, tudo acabou em lágrima, como o professor e ex-militante diz, referindo-se à morte do socialismo.  Pergunta inevitável: e o rios de sangue e lágrima do capitalismo? A diferença – clara para o professor – é que um sistema morreu por falência múltipla dos órgãos, e o outro, principalmente quando as sociedades chamam a si as suas responsabilidades, sempre se renova. Ressalvas do bem humorado Meghnad Desai:

  1. “…dez anos depois da Revolução Russa, deixou de haver no ocidente e na União Soviética um debate aberto e honesto sobre as ideias de Marx…” (fl. 64).
  2.  “… nos anos 70 pensava-se, como na década de 80, que a decadência e o fim (do capitalismo) eram iminentes…” (fl.23);
  3. “… o capitalismo é um modo de produção com contradições dialéticas: é um sistema de acumulação movido pelo lucro que busca, sem cessar, novas tecnologias para aumentar a produtividade. Como tal, está sujeito a ciclos, a recessões e pânicos. É o melhor sistema para aliviar a pobreza e  a miséria, embora provoque a extinção de empregos e reestruturação das economias… (fl.402); e
  4. todo sistema é bruto e falho, inclusive porque, para ele, o que importa será sempre a satisfação de quem o controla ou organiza. Dúvida? Veja A PULGA, O BURRO e AS NORMAS

Notou a importância da tal da DEMOCRACIA, leitor? Sem ela é impossível que as ideologias (o discurso do interesse, a religião do poder) se dispam e os sistemas se moralizem, civilizem-se ou aceitem regras. Por isso o autor vai ao X da questão:

“…Desse momento (revolução russa) em diante, e para sempre, Marx e as suas ideias passaram a ser o monopólio do partido, que alegava ter chegado ao poder usando o marxismo. De acordo com a teoria oficial, a revolução não poderia acontecer em um país industrialmente atrasado como era a Rússia, mas isso passou a ser heresia, e documentos foram descobertos, reinterpretados e revistos até que a versão bolchevique tornou-se a única versão do marxismo. O que era uma coalizão intelectual e idealista de muitas variedades de opinião foi transformada em uniformidade. As ideias expostas por Marx não eram mais difíceis de interpretar, e ele tornou-se o fundador de uma nova religião. Todas as interpretações não bolcheviques de Marx representavam uma traição, e os seus defensores eram denunciados. A polêmica, até então só verbalmente rude, tornou-se letal – literalmente…” (fl.64)

Daí:

“… a visão marxiana é a única tentativa séria de compreender a dinâmica do capitalismo depois de  Adam Smith. Nenhum outro economista o conseguiu (…) Quando se despreza a horrível herança imposta a Marx pelos bolcheviques e os seus aliados (…), Karl Marx surge como um teórico sério, embora não infalível, da ‘astronomia social…(fl.11)

E se houvesse SE, na História?

“…uma terceira concepção, que nunca teve possibilidade de êxito: (…) a visão marxiana (do próprio Marx) clássica do socialismo além do capitalismo (…) é a ideia de uma sociedade consciente que assumiria o controle da economia (…) Note-se bem: a sociedade faria isso, não o Estado (…) não há dúvida de que seria a sociedade a exercer esse  autocontrole, não o Estado…” (fl. 195).

Notou como o conceito de “esquerda” é tão originalmente distante do Estado férreo e voltado para o seu próprio laissez-faire (ele, o seu Líder e o seu capital acima de tudo), leitor? Você sabe que, embora nenhuma esquerda que se preze jamais erre (nem mesmo se equivoque), os fatos nem sempre concordam com a versão, né? Diz o autor (fl. 24):

 “… a persistência da dinâmica do capitalismo no princípio do século XXI é a vingança de Marx contra os marxistas – todos aqueles que, em seu nome, mentiram e roubaram e assassinaram e propagaram falsas esperanças. Os resíduos dessa aventura infeliz distorceram muito a reflexão sobre a transformação da sociedade. É necessário retornar ao Marx original para compreender as forças do capitalismo e o segredo do seu dinamismo. Mas é preciso também entender como os limites do capitalismo serão alcançados. Depois da experiência cauterizante  do século XX, seria um ato de loucura indagar quando esses limites serão atingidos: Marx foi um astrônomo da história, não um astrólogo…” (fechei o livro sem anotar a página. depois eu olho)

Aqui,  ousadamente discordo do indiano testado e aprovado nas mais altas linhas de montagem de pensamento não único do mundo. Quem não sabe o dia em que esse monstro chamado capitalismo vai acabar?  Todas as religiões não dizem que o mundo vai acabar um dia?

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O SISTEMA É BRUTO, MAS FALHO – parte 3

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CISNES SELVAGENS

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4 respostas para A VINGANÇA DE MARX

  1. Manoel Pereira Lima Junior disse:

    Caro Luiz,

    não creio que seja, de fato, a “Vingança de Marx”. Para mim, trata-se de mais um interprete, pretendendo ser original – e o pior, ser mais original que Marx! Veja, é importante ler duas obras de Marx: Os manuscritos econômico-filosóficos (da juventude) e O capital (maturidade). Uma vez feito isso, leia O manifesto do partido comunista. Deixe Marx falar por ele mesmo. Estamos muito contaminados por muitos comentadores que às vezez nem leram o próprio Marx. Uma coisa é fato: Marx não falava em liberalismo econômico no sentido que quisera fazer parecer o seu autor. Marx fala que um fantasma rondava a Europa – era o comuninsmo. Marx fala que uma classe trazia o futuro nas mão – era o proletariado. Marx fala de ditadura do proletariado – o socialismo. Mas, ao fim e ao cabo, o Estado deveria ser dissolvido (e aqui, não estamos falando de um Estado mínimo como no liberalismo econômico). É, meu caro, a questão não é trivial. Saudações!

    • luiz estrela disse:

      Grande Manoel

      Desculpe pela demora. Sejamos práticos:

      1) parto do pressuposto de que você leu a resenha https://segundavia.org/2011/08/23/a-vingaca-de-marx/. Logo, deve notado os extratos aspeados, que não são propriamente uma novidade. Na verdade, se notarmos que:
      a) ninguém matou mais socialista do que os próprios socialistas;
      b) dos escombros do socialismo real, surgiram não apenas trabalhadores revoltados, mas, também, grandes donos de capital (como?). Quer saber? Sugiro a leitura de https://segundavia.org/2011/08/03/mao-stalin-fidel-e-berenice/ e https://segundavia.org/2011/05/10/vocabulario-de-ideias-passadas/)
      c) Bem antes de as sociedades do Leste europeu saírem de baixo, o próprio PC chinês, sabendo da quantidade de boca que tinha a alimentar e ressabiado pelos desastres de Mao (sugiro: https://segundavia.org/2011/08/16/cisnes-selvagens/ ) , substituiu (próprio PC) o seu sistema de produção pelo que MEGNAD DESAI chamou de “…o meio de produção de riqueza mais eficiente já descoberto…”. Ou seja: o nunca totalmente eliminado capitalismo. Note que é do próprio autor a frase: “… o capitalismo não é um sistema suave ou benevolente…, o que, convenhamos, também não foi o socialismo;
      d) Olhemos para as duas Coreias. Qual a mais próspera e menos autoritária e por quê? Por que Cuba estaria revendo conceitos antes tão sagrados? Sugiro: https://segundavia.org/2011/03/21/a-riqueza-e-a-pobreza-das-nacoes/ ,
      https://segundavia.org/2010/11/01/videogramas-de-uma-revolucao/

      Clique para acessar o falsidade-ideologica1.pdf

      https://segundavia.org/2010/08/05/nada-e-tudo/

      https://2via.files.wordpress.com/2010/08/etica-nao-e-ideologia3.pdf, todos artigos baseados em grandes autores ou resenhas.

      Você deve ter visto, na própria https://segundavia.org/2011/08/23/a-vingaca-de-marx/, as credenciais do autor, o que deveria inibir , por exemplo, “… não creio que seja, de fato, a “Vingança de Marx”. Para mim, trata-se de mais um interprete, pretendendo ser original – e o pior, ser mais original que Marx!…”. Manoel, convenhamos que, se até eu li Os manuscritos econômico-filosóficos e o manifesto – todos obrigatórios na São Lázaro dos anos 80…, você acha mesmo que o indiano radicado e bom posto no mundo acadêmico inglês há séculos não os leria? Leitor de Marx em inglês desde a adolescência e professor de economia marxiana em Londres, seria ele tão leviano a ponto de se deixar desmascarar por algum de nós, que, no máximo, leu Marx em português? Eu não ousaria tanto, inclusive porque o que suguei do livro e ofereci na resenha não se contradiz.

      Lembretes desnecessários:

      1) Li-os Os manuscritos… ” e o manifesto em português, claro, e logo que entrei em sociologia. Aliás, vem de Os manuscritos a frase de Marx que, junto com quase uma centena de outras, dá pé direito alto ao blog.
      2) Não li, nem leria O Capital, que o indiano cita no seu A VINGANÇA DE MARX, somente faltando informar o dia e a hora em que Marx escreveu cada coisa. Não se trata de um amador pretencioso, mas de um profissa, meu amigo.
      3) Não entendi por que você, ao invés de demonstrar o seu argumento e, portanto, as falhas do autor, usou lugares-comuns como:

      “…Marx fala que um fantasma rondava a Europa – era o comuninsmo. Marx fala que uma classe trazia o futuro nas mão – era o proletariado. Marx fala de ditadura do proletariado – o socialismo…”

      É sabido isso. Aliás, quando Marx escreveu, o capitalismo vivia o auge do seu laissez-faire, o mesmo mundo cão e sem lei que viveu o socialismo enquanto durou. A diferença é que um mata ou matava pelo capital e o outro, pelo Estado, para ser simples. Veja, aliás, que, em https://segundavia.org/2011/02/01/fascismo-de-esquerda-o-livro/, Jonah Golderg fala em uma imprensa americana do começo do século XX cheia de artigos e editoriais enaltecendo Stalin e Mussolini, então grandes negadores da barbárie liberal burguêsa. O fato é que a criatura humana é o animal que procura a felicidade (satisfação de desejo, realização). Não é um bicho pra comer, beer e dormir. Uma vez alimentado, projeta, aspira e procura organizar o mundo ou nele intervir tendo em vista o seu projeto. Esse animal é praticamente incompatível com qualquer mundo que ele não possa contestar. Por isso ele não se deu bem no socialismo.

      Talvez você não tenha percebido, mas o autor é um defensor franco e objetivo de Marx, mas não dos marxistas, que tiveram metade da humanidade em suas mãos e nada mais fizeram além de implantar uma segunda inquisição. Megnad Desai não fala de neo-nada, nem muito menos de liberalismo. Ele fala de

      “…uma terceira concepção, que nunca teve possibilidade de êxito: (…) a visão marxiana (do próprio Marx) clássica do socialismo além do capitalismo (…) é a ideia de uma sociedade consciente que assumiria o controle da economia (…) Note-se bem: a sociedade faria isso, não o Estado (…) não há dúvida de que seria a sociedade a exercer esse autocontrole, não o Estado…” (fl. 195),

      como está em https://segundavia.org/2011/08/23/a-vingaca-de-marx/

      Não estou lhe garantindo que o autor foi fiel ao Marx original. Mas por que não teria sido? Como podemos chegar a essa conclusão?

      Aguardo resposta, Barão e Abraço

      Luiz

  2. Jonathan disse:

    Caro Luiz,

    Entrei no seu site porque paginei por cima esse livro na livraria, não cheguei a comprá-lo porque decidi pesquisar sobre o autor e encontrar alguma resenha crítica, assim acabei nesse site.

    Pelo que li do livro e li do seus comentários, além de me fazer decidir comprar o livro, ele segue uma linha crítica que eu já havia desenvolvendo através da minha leitura das obras de Marx (que lí quase toda a bibliografia), mas ou menos a de que a ideia de que o marxismo é uma ideologia deformada das contribuições de Marx, em última análise e na melhor das hipóteses, uma dogmatização bolchevique historicamente explicável. Lendo Gramsci eu quase vomitei ao ver algo tão estranho a Marx ser levado seriamente como marxista.

    Vários autores seguem essa linha crítica sobre as deformações de Marx, li algo no livro Os Intelectuais do Anti-liberalismo (no capítulo sobre Lênin) e um palestra de Chonsky no Youtube. A crítica do socialismo estatal, na figura de Lassalle, está em muitas obras de Marx.

    Tudo isso é explicado como uma mera constatação de poder, como diz Marx, os vencedores contam a história. Assim, os bolcheviques reiventaram o marxismo, tal como o grascianismo nada mais fora do que reflexo da ascenção dos comunistas italianos, o maoísmo ídem, etc.

    O problema dessas criticas é que elas se desenvolvem mais ou menos iguais até que se esgotam mais ou menos nos valores neoliberais, ao separar sociedade, Estado e democracia. Primeiro, que o Estado é parte da sociedade, é uma organização de parte da sociedade com características próprias (o monopólio da violência), segundo que democracia é uma forma de Estado, qualquer avanço da democratização supõe o crescimento do Estado (em sua forma democrática, isto é, representativa ou participativa). Terceiro, o controle da sociedade dos meios de comunicação já tem sua forma totalmente exposta em Guerra CIvil em França como “confederações de cooperativas”.

    Em suma, foram os liberais neoclássicos que imputaram a teoria do valor-trabalho como elemento fundamental do socialismo, mas foi Adam Smith quem desenvolveu essa teoria. Do mesmo modo foram os neoliberais que criaram o dualismo Estado e mercado, acusando os marxista de manietarem o mercado, ora na perspectiva marxista o mercado não se contradiz como o Estado, ele se contradiz com o planejamento. E Marx trata do avanço do planejamento e da centralização como desenvolvimento imanente do processo de concentração e engradecimento do capital.

    Também é equivocado afirmar que tudo foi um erro apenas porque a Guerra Fria foi vencida pelos EUA. O mau de origem que corrompeu o socialismo estatal (que poderia ser democrático ou burocrático, no caso da URSS era burocrático) foi o stalinismo e antes o próprio Lênin já havia sabotado o regime de comitês de sovietes em favor do monopólio do Partido Bolchevista. O bloco capitalista só agora revive um “capitalismo puro” com o neolieberalismo, em toda Guerra Fria aplicaram através do keynesianismo aquilo que Marx define no Manifesto Comunista como “socialismo conservador ou burguês”. Submetidos ao “livre mercado” estão sofrendo todas as dores da crise, e mesmo nos EUA já há debate explícito sobre crítica ao capitalismo (movimentos Ocupy), de taxação de riquezas (lei Warren Buffet) e regulação do capital. O que é isso senão socialismo.

    Mas há uma outra questão que não entrei aqui, é de que comunismo e socialismo são essencialmente propostas diferentes para Marx, Marx era um crítico do socialismo, tal como no capitalismo. Como está exposto no Manifesto do Partido Comunista

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