28out. IMAGENS DE UM SOCIALISTA ATEU

A última imagem acima está na Veja da última semana, leitor. “E PRECISO MUITA FÉ” é uma matéria divertida. Conta as idas e vindas do petista Lindinberg Farias, entre os eleitoralmente importantes evangélicos do Rio. Nada como a política, né? Ela chega ser até mais divertida do que o próprio capitalismo. Bem, as demais imagens estão em OS PROFISSIONAIS E OS AMADORES… UM POUCO DE MEMÓRIA DE QUANTO O PT ERA OPOSIÇÃO.

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Vem aí um multiuso novo e grande! Fui.

25out. DESPESAS DE UM GOVERNO POPULAR:

Já pensou se passa aquela PEC, leitor (veja OS PROFISSIONAIS E OS AMADORES… UM POUCO DE MEMÓRIA DE QUANTO O PT ERA OPOSIÇÃO)? De qualquer forma…

… tá lembrado, né (veja EM DEFESA DE KLEBER SALAZAR)?

……………………………………………………………………………………………PEÕES

“…Eu tinha um sonho: participar daquelas lutas…”

“…O Lula ensinou isso pra gente: ‘nós não somos nada, o mandato sindical passa, os trabalhadores ficam. Os trabalhadores são mais importantes do que nós…‘. Na greve de 79, a diretoria toda reunida… chegou uma caixa enorme. Lula abriu a caixa: um puta aparelho de som… ‘Quem mandou? … Fulano de tal’. Lula pegou o telefone… ‘Seu filho da puta, você tem 10 minutos pra tirar esse negócio daqui. Se não, vou chamar a polícia e denunciar pra toda a categoria que você quis me comprar’… Eu falei: ‘esse é o cara… ”

“quando eu vi meus filhos chorando com fome… eu fui pra S. Paulo. Foi muito duro…Nós tinha esse pai pra nos orientar… Chamo Lula de segundo pai…’

“… Eu vivia de roça e fui pra S. Paulo. Aprendi a militar e não votar mais de cabresto…”

“… eu gostava das greves, eu participava…

“… eu gostaria que Lula ganhasse … ele era meu conterrâneo, chegou aqui lá do norte passando fome também … a mãe ia trabalhar em casa de família, cavava um buraco no chão e enterrava ele até aqui na cintura pra ir trabalhar por dia… pra dar comida pra ele… Eu não me envergonho de dizer que sou comunista, não… Quando eu conheci o sindicato, que comecei a ler, a ver que só melhorava se agente lutasse… aí eu falei ‘é por aqui, mesmo’… A coisa que eu acho mais bonita é a palavra sindicalismo… Eu acho isso uma coisa linda ”

“…Só tinha três dias de folga no ano…”

“…vi coisas horríveis, vi colegas apanhando… Namorei muito pouco, casei cedo… Meu sonho era ser jornalista, mas não consegui fazer, ganhava muito pouco…Tive meus filhos quando era diretora… Fazia cesária e com um mês e meio eu tava no sindicato… Eu não vi meus filhos crescerem…”

“…machuquei a coluna e recebo um pecúlio, vivo com ele… Eu recebo comida dos vizinhos… Nós somos evangélicos…”

“… O trabalho na Volkswagem era muito pesado…Eu tinha um ideal: montar um negócio próprio… Montei uma casa de forró… Eu toquei algumas vezes com Luiz Gonzaga em 1960, na rádio ABC de Sto. André. Um dia ele disse ‘Garoto vá em frente que você tem futuro…’”

“…Em todas as empresas grandes… Scânia, Mercedez, Volkswagem, Ford… a gente era tratado como escravo … O medo de perder o serviço… Cansei de ir chorar no banheiro pra não bater na cara de um chefe… Cansei de fazer isso…”

A parte que eu mais admiro no hino nacional é “verás que o filho teu não foge à luta…”. Ele (Lula) é o nosso hino nacional…

“… Conheci o Lula. Ele tava entrando como presidente e eu como faxineira… Eu ainda vou ver o Lula presidente, em Brasília. Ainda vou servir um café a ele, lá…”

“…Eu não posso falar mal da Volkswagen porque, se hoje eu tenho um salário pra sustentar o meu filho… A vida da gente é assim mesmo…”

“… Lula dizia lá em S. Bernardo (tomando um cafezinho) que não ia governar pra meia dúzia de banqueiro…”

Notou no vidro do carro, leitor?

(no meu celtinha tinha 02 adesivos desse, embora, nem de longe, 2002 lembrasse 89).

“… A nossa proposta de PT … do PT quando nasceu seria…jamais o PT ia entrar nessa do que existia, do político convencional… Aquele PT que eu ajudei a fundar no fundo de quintal… Vou votar no Lula… Mas eu acho que o Lula está chegando à presidência. Não o PT…”

O título resume bem a obra: anônimos falando de suas vidas e esperanças, no ABC paulista dos anos 70 e 80. Saudosos, vencidos ou se sentindo emancipados, falam das suas origens e de como mudaram as suas visões de mundo, a partir dos seus sindicatos. Note, leitor, que se trata de pessoas quase sem meios para mudar a própria vida. Portanto, com todo potencial do mundo para servir a aproveitadores, demagogos, messias e salvacionistas, que nem sempre perderão a oportunidade de salvar a si mesmos…

(veja PARTIDO DA CLEPTOMANIA DO BRASIL II, CABA NÃO, MUNDÃO, EM DEFESA DE KLEBER SALAZAR, EM DEFESA DE JOSÉ DIRCEU!, AMOR À VIDA, BRASIL NERVOSO, “ACORDA BRASIL”, EM DEFESA DE NATAN DONADON… O que não falta são exemplos, né, leitor? Cala-te, boca!).

Sem discurso, a galera que protagoniza o filme não chegará ao poder nem à vida pouco operária dos seus representantes. Mas sempre terão ombros fiéis e úteis…

“…não dá moleza pra Mercedez não, que tá afim de explorar…não tenha medo de ser preso, não… cadeia foi feita pra homem… tá pensando que tem alguma coisa justa, porra…”

Dessa luta, surgem os mitos Lula e PT. Siga o roteiro, leitor (o diretor, Eduardo Coutinho agradece aos convidados e diz o quê e como será feito):

Simples: o diretor passa um vídeo das grandes greves e os personagens vão revendo, falando e identificando:

Alguns, não se reconhecem, mas por outra razão: ação do tempo. Leitor? Na imagem ao fundo da mesa acima alguma coisa parece dizer “país decente“, né? Seria…

…? Se for, foi bem bolado, concorda? E, aqui, há de se admitir: a imprensa burguesa e conservadora, sempre tão atacada, também tem culpa. E muita (veja ARQUITETOS DO PODER)!

E aí está a maior importância deste DOCUMENTÁRIO: todo ele, como as palavras do próprio diretor sugerem, é só Lado B. Quer dizer: a galera para quem os partidos, sindicatos e políticos dizem existir. É uma galera importante, né? Tanto quanto os próprios artistas e intelectuais que emprestam os seus nomes, cabeças e prestígio para, depois, sumirem ou ruírem sob os escombros da política real. Resumindo: é um filme estrelado por carregadores de piano, que, exatamente por carregarem piano, não têm como não acreditar no som que escutam… Nada do outro mundo, né?