DAS FLORES E DOS FRUTOS

05out. ELE FICOU SÓ E SEM O QUE FALAR!

“…Corroborando as conclusões, também colho dos autos que alegada compra de votos não teria existido. Vários deputados afirmaram que nunca ouviram falar neste esquema chamado mensalão…”

 http://oglobo.globo.com/pais/rosa-weber-fux-seguem-relator-condenam-dirceu-lewandowski-absolve-6282635#ixzz28PfJK7Pi

Isto, em Brasília e sob todos os holofotes, leitor! E depois de o próprio Ministro Relator já ter condenado (por corrupção, lavagem de dinheiro…) geral! Triste, né? Foi contestadíssimo, claro, pelos seus pares. Já pensou um julgamento desse em ambiente fechado e/ou de partido único? Talvez, ele nem existisse, né? Eu gosto de “imprensa burguesa“? Ela contribui até para um judiciário independente! “…Nós mesmos seremos capazes de determinar o que é e o que não é verdade…“, lembra? Veja A GUERRA QUE ELES NÃO PODEM PERDER.

04out. JOAQUIM, O HERÓI2

… A reação de milhões de brasileiros demonstra que o que parecia desinteresse era descrença.  Muito mais que a carência de heróis, é a fartura de ladrões impunes que transformou Joaquim Barbosa em ídolo da imensidão de indignados…

na íntegra: Carência de heróis ou fartura de ladrões? (Augusto Nunes)

03out. FALA QUE EU NÃO TE ESCUTO

…Esses vergonhosos atos de corrupção parlamentar, profundamente lesivos à dignidade do ofício legislativo e à respeitabilidade do Congresso, alimentados por transações obscuras, idealizadas e implementadas em altas esferas, devem ser condenados e punidos com peso e o rigor da lei. Esse quadro de anomalia revela as gravíssimas consequências que derivam dessa aliança profana entre corruptos e corruptores, desse gesto infiel e indigno de agentes corruptores e corruptos, verdadeiros marginais do Poder” (…) “São valores jurídicos que se vêem ameaçados com a formação de uma quadrilha. E não importa qual, seja de bandoleiros de estrada ou de assaltantes dos cofres públicos. Os argumentos que dão suporte ao voto do ministro relator (Joaquim Barbosa), além de juridicamente consistentes, ajustam-se à base empírica revelada neste processo…

http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/julgamento-do-mensalao/noticias/0,,OI6194277-EI20760,00-Em+voto+indignado+Celso+de+Mello+condena+reus+no+STF.html

Assim falou o Ministro Celso de Mello (STF). Mas, apesar do que esse julgamento pode trazer à vida brasileira, ninguém viu nem ouviu nada lá pelas bandas da “esquerda”…:

http://www.vermelho.org.br/ (PCdoB), http://www.PT.org.br/, http://www.cartacapital.com.br/…  É. VIVA A CORRUPÇÃO!, né, galera?

02out. DORA KRAMER no SINDJUFE:

Mas esse mundo tá é mudado, né, minino? Dora Kramer, grande iluminista da Imprensa burguesa“, no Sindjufe? Tá vendo o que você fez (com o seu voto), leitor? Tudo bem que essa galera nova não contrariou o Ancien Régime, abolindo a Lei do Silêncio (veja FERVIDOS E MAL PAGOS?, MINISTRA ELIANA CALMON E AS RAZÕES DO ILUMINISMO…). Mas deu um passo danado para a Democracia (ia dizendo “Ocidente”, como antigamente…). Parabéns, Sindjufe!!

Leia o ótimo Cultura do rapapé: http://sindjufeba.org.br/ComArtigos.aspx?id=68

02.out.O FIM DO BLOG DO PANNUNZIO:

“… em um País que ainda não se habituou à crítica e está eivado de ranços antidemocráticos, manter uma página eletrônica independente significa enfrentar dificuldades que vão muito além da possibilidade individual de superá-las (…) Refiro-me às empreitadas judiciais que têm como objetivo calar jornalistas que não se submetem a grupos politicos, ou a grupos dei interesse que terminaram por transformar a blogosfera numa cruzada de mercenários virtuais.

Até o nascimento do Blog, enfrentei um único processo judicial decorrente das milhares de reportagens que produzi para a televisão e o rádio ao longo de mais de três décadas. E ganhei. Do nascimento do blog para cá, passei a responder a uma enxurrada de processos movidos por pessoas que se sentiram atingidas pelas críticas aqui veiculadas. Alinho entre os algozes o deputado estadual matogrossense José Geraldo Riva, o maior ficha-suja do País; uma quadrilha paranaense de traficantes de trabalhadores que censurou o blog no fim de 2009; e o secretário de segurança de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, cuja orientação equivocada acabou por transformar a ROTA naquilo que ela era nos tempos bicudos de Paulo Maluf.

A gota d`água foi uma carta que recebi do escritório de advocacia que representa Ferreira Pinto num processo civil…”

Sacou, né, leitor? Ninguém é de ferro, né? Muito menos aquela galera que ganha dinheiro (muito dinheiro), com o seu “ideal” (pra lembrar Millôr)…

Na íntegra: http://www.pannunzio.com.br/archives/14392

Se ligue: A ERA LULA- parte 1, O POVO NÃO É BOBO, ABAIXO…

……………………………DAS FLORES E DOS FRUTOS

O mundo azul aí embaixo são uns pedaços de papo (por e-mail) com um velho amigo de RUF (para saber sobre a Residência Universitária Feirense, use pesquisar, ao lado) que me apresentou a ainda adolescente Veja. Já vai é tempo, né? E o papo é de 2004. Tá tudo como encontrei, inclusive a poeira. Mentira: a gente sempre bate uma flanelinha…:

‘… Claro que me lembro de Monteiro Lobato dizendo a Érico Veríssimo (no vol I de Solo de Clarineta, ainda mais lindo que o vol II):

Seu Érico, o escritor de verdade escreve naturalmente como quem mija

E não é verdade? Sim: justamente por estar livre para apontar o seu pinto (ou pinta) para onde for maior o seu desejo. O interesse é da terra de deixar que se forme aquela poçazinha de milagre (“…a arte acontece, a arte ocorre…a arte é um pequeno milagre…” – J. L.Borges, em SETE NOITES) que, ajudada pelo olhar do mijador, em possíveis rios se tornem. 

Já na não-literatura [na formulação objetiva], não é assim. No mínimo o mijo precisa ser levado a uma análise clínica pra se saber se pode correr na terra (…) Aliás, você não acha que o nome de Érico deveria ser Élico Velíssimo,  tal o seu lirismo? Mas, por outro lado, “Érico Veríssimo” tem tudo a ver com “árvore de duro lenho”,  como ele define o seu caráter pessoal, talvez no mesmo Solo de Clarineta.… Exemplo: a firmeza com que ele se posta frente à Portugal de Salazar. Lembra daquela conferência no teatro onde ele, sanduichado entre salazaristas e anti-salazaristas (…), assim que pôde bufou no ar o  “por que as ditaduras tanto temem as palavras? E isso com polícia política e tudo!

Por falar em música, você lembra de Música ao Longe,  que o próprio Érico definiu como amor não vivido?  Aquele foi, seguramente, o mais mavioso de seus solos. Pena ele (Érico) ter perdido o final, que reescrevi (para mim mesmo, claro). Um romance tão lindo; um final tão pobre! Bem, consideremos, no entanto, que ele o escreveu em 30 dias, visando o prêmio, que ganhou (…)

Lembro, ainda, que, no Banquete com os deuses (cinema, literatura, música e outras artes), Luis Fernando (o filho) diz “eu consegui ler todo o Ulysses (James Joice), seguido de só não me peça pra contar… E: “…mas decidi que tinha que escolher entre ler Finnegans wake (outro de Joyce) e viver… Graças a deus ele disse isso. 

Se bem que, para Paulo Francis (veja SEM
MEDO DE SER FELIZ
,
GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA FILOSOFIA, A VERDADE PUNIDA (e aí, Ministro LEWANDOWSKI?)), apenas com um bom inglês se mamaria fácil, naquela fonte (James Joyce). Mas, como fiz trabalho de português, vai ficar para a próxima encarnação. Mesmo porque quem tem Machado não mão não perde tempo com árvore que não dá fruto, né? Quer dizer: mesmo em literatura, nem sempre o mijo corre! Tanto que o generalíssimo J. Luis Borges também se referiu a Joyce (em Sete Noites) como o ilegível”, dizendo (em SETE NOITES), banquete com os deusesainda, que:

a oratória só tem sentido como ponte; como muro ela é desumana…”

E tinha de ser, né? Afinalum grande autor de literatura tem a obrigação de prover o pão, a água, mas, também, o vinho. Ou seja: de ser um grande e potável filósofo, já que está em suas mãos a água rara que dissolve a filosofia, envenenando-a com prazer. Já ao operador da razão direta, os caminhos são mais estreitos, inclusive porque a sua lanterna está especialmente presa a um alvo que ele procura na escuridão…

Na verdade, leitor, esta era uma resposta à crítica que Hélio Damasceno (o amigo da RUF) sempre fez a mim: ter a mão meio séria. Será? A verdade é que … a objetividade tem o seu próprio peso: a lógica, o argumento, a definição, a comprovação… Ora, se nem na literatura, o espaço próprio da metáfora, o mijo sempre corre … O de José Saramago, por exemplo… Jesuis é pai!

Claro que a “lição para escritores (que espero aprender na próxima encarnação) de Luiz Fernando Veríssimo é inesquecível:

“…defina o seu gol e tente chegar lá como o Pelé chegaria, com poucos mas definitivos toques, sem nunca deixar que os meios  o desviem do fim. E se, no caminho para o gol, você fizer alguma coisa espetacular, esforce-se para dar a impressão de que foi por pura obrigação...”

 Você viu aquel gol de Érica (futebol feminino), leitor? Não? Áafiii: http://www.youtube.com/watch?v=_Fr6xYmbzAY? Uma pintura!

E como esqueçer o mulato Machado de Assis cofiando ao sua barba de aristocrata: “a primeira lição de quem escreve é não aborrecer” (acho que isso tá em Páginas Recolhidas)? Ou “a primeira glória é reconhecer os erros (isso com certeza tá em Ressureição). Erros, aliás, são deste mundo, como o próprio bruxo dizia (em A Semana II, crônicas, eu acho). E como esquecê-lo em seu sotaque de rua ladrilhada de brilhante que Ele estendia só pra ver o seu leitor passar?  Em um dos contos de Balas de Estilo & Crítica, crava (ou craveja?):

“…opulências de linguagem e atrevimento de idéias”,  “arrojo de pensamento e novidade de estilo” contra a  “solenidade acadêmica e erudição rebuscada

[claro tudo isso sempre será muita areia para muito caminhãozinho, né, leitor? Mas…]

… não lembra “…pensar como um gênio e falar como uma pessoa comum…”, lá das bandas de Aristóteles? Também não me escapou a forma como o velho Machado via o convívio das palavras entre si e o autor: “amam-se umas às outras. E casam-se. O casamento delas é o que chamamos estilo” (Várias Histórias, contos). O grande autor, então, além do amor que faz com as palavras, casa-as. Que outro padre estaria tão próximo de Deus?

Não se esqueça [ainda estamos em 2004, viu, leitor?] que cheguei na RUF passando uma semana para ler um exemplar de A Tribuna da Bahia… Cutucou-me uma Veja (que eu pegava do amigo) em que li uma pequena matéria sobe o transporte urbano de Salvador do final dos anos 70… Lá, se dizia que o usuário seculava no ponto de ônibus”. “Seculava“? Nunca esqueci disso [veja MULTIUSO 2]! Foi a minha primeira experiência saborosa com literatura…

… Tudo aquilo que os Veríssimo e Machado me disseram foi lindamente arrematado, recentemente, por Armando Nogueira, que viu todos os grandes craques brasileiros – de Heleno a Robinho – jogarem. Olhe o que ele disse, aplaudido pelo que viu: “a bola do passe dá  fruto. A bola do drible dá  flores”. Não é lindo? Está no A Ginga e o Jogo [Objetiva, RJ, 2003], onde se lê que – se me lembro bem – o ato de escrever requer originalidade, conhecimento da língua, reinvenção, informação (que eu, por não ser jornalista, tomo por profundidade) e ironia, o mais importante acessório humano a que o bruxo de Cosme Velho se referia com juntar rosas com espinho

Bem, leitor, como essa volta a 2004 se deu por causa de  poema, repito uma antiga e lenta germinação:

Meu grande e infinito sonho, meu autor. Quando a tua noite parirá?

O que fizeram daquela multidão errante de tuas árvores cortadas?

De mim, fizeste palha seca a quem o fogo encanta.

De ti, fizeram o meu lenhador.

Faz de mim, agora, uma muda de planta.

O seu nome é MUDA DE PLANTA e acho que ele já existia em 2004. Mas, Veja como aquele papo terminou:

…Que a bola do literato dê flores, frutos, sementes … E quem puder que vegete.

Não deixe de ver o gol de Érica.

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