30maio. O SISTEMA É BRUTO
“A desembargadora Denise Castelo Bonfim, do Tribunal de Justiça do Acre, que analisa o inquérito da operação G7 sobre o suposto cartel de empresários que teria fraudado contratos públicos com a participação de integrantes do primeiro escalão, do governo Tião Viana (PT), enviou um comunicado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre uma ameaça sofrida por ela e um suposto plano para matá-la, relatado por um preso do Estado. A desembargadora solicitou segurança pessoal e pediu que os pedidos de liberdade dos acusados sejam julgados em Brasília.
No documento, a desembargadora relata que na tarde de segunda-feira, 27, foi comunicada pela juíza Luana Campos, da Vara de Execuções Penais do Acre, sobre um “possível planejamento” para matá-la. Um criminoso detido no presídio da Papudinha, onde estão 13 dos 15 presos do inquérito da G7, afirmou à juíza Luana Campos ter ouvido comentários sobre um suposto atentado.
A desembargadora também comunicou ao STF e ao CNJ uma ameaça anônima feita por telefone há 15 dias. “Esta Desembargadora também recebeu uma ligação sem sinal de identificação dizendo os seguintes imperativos: ”Cuidado! Tenha cuidado com a sua vida!”“, escreveu a magistrada (…)
Nesta quarta-feira, o Tribunal de Justiça levou para sessão do Pleno os pedidos de relaxamento de prisão de 14 dos 22 indiciados que estão presos desde o dia 10, preventivamente. Dos nove desembargadores presentes, cinco tinham alguma relação de parentesco com os indiciados, inclusive o presidente do TJ, desembargador Roberto Barros.”
29maio. A VIDA COMO ELA É
“Nota de pesar da presidenta Dilma Rousseff pelo falecimento de Roberto Civita
Lamento a morte do empresário Roberto Civita. Sob o seu comando, a Editora Abril, consolidou-se como uma referência.
Nesse momento de tristeza, envio meu abraço solidário para sua mulher, Maria Antônia, seus filhos e amigos
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil”
Fernando Haddad, prefeito de São Paulo: “Um desaparecimento muito prematuro. Era uma pessoa com quem travei longos debates sobre educação. Uma das características do grupo Abril foi compromisso de longa data com o setor educacional. Como ministro da educação pude frequentar o grupo Abril para fazer a agenda da educação avançar. Todas as revistas do grupo tinham espaço reservado para educação”
28maio. CANAL LIVRE
Tudo isso gostosamente destrinchado pelo filósofo LUIZ FELIPE PONDÉ, no CANAL LIVRE (TV Bandeirantes):
parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=az4bmJ3f_lo,
parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=S6jes4QmuRg
parte 3: http://www.youtube.com/watch?,v=3DaOL99_WdE
parte 4: http://www.youtube.com/watch?v=cUJDREs8ZOw
Mais sobre o filósofo, professor e autor em: CONTRA UM MUNDO MELHOR, GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA FILOSOFIA (o livro. Ou quase), POR QUE VIREI À DIREITA (o livro. Ou quase)
………………………………………………………O LEITOR É O VERDADEIRO PATRÃO?
“Se você não está gerando reações fortes, está fazendo algo errado. Não acredito em imprensa que quer agradar a todo mundo. Por que você faz uma revista? Só para ganhar dinheiro? Eu acho que vem junto uma responsabilidade. Eu falo isso há 50 anos… Para todo mundo. Para os meus filhos. Eles não gostam, mas eu falo. Se você não quer ter a responsabilidade (…), vai plantar batata.”
“…. Conheci Roberto Civita pessoalmente em 2005, num jantar na casa do cientista político Luiz Felipe d’Avila, um amigo comum. A VEJA.com só passaria a hospedar o meu blog no ano seguinte, mas não por iniciativa dele. O convite partiu da direção da revista (…)
No dia 24 do mês que vem, este blog completa seu sétimo ano hospedado na VEJA.com. Nesse tempo, não tive de consultar outra instância que não a minha própria consciência — e é fato que expressei aqui, e na própria revista, opiniões com as quais sei que Roberto não concordava — sou certamente mais conservador do que ele era — e que também não coincidem com a linha editorial da própria VEJA. Jamais me chegou nem mesmo um eco, ainda que distante, que tivesse o ânimo da censura ou da imposição de, sei lá como chamar, uma “linha justa”. Essas coisas eram estranhas a seu vocabulário, a seu universo intelectual, a seu entendimento do mundo (…)
Nas ditaduras, sabemos, os que se prezam são, muitas vezes, submetidos a uma espécie de servidão involuntária. Nas democracias, o perigo maior é o da servidão voluntária. A imprensa corre o risco imenso de, sob o pretexto de “colaborar com o país”, passar a se confundir com o próprio poder, do qual tem a obrigação de ser uma analista crítica, independente, imparcial no que concerne às forças políticas em disputa, mas apegada, sim, a valores. Roberto tinha essa clareza.
“O LEITOR É O VERDADEIRO PATRÃO” -Victor Civita (trechos):
Existe uma fórmula mágica para o sucesso? Sim. Eu a conheço e já registrei com o nome de A Fórmula Mágica da Sorte e do Sucesso (ou — pelo menos — da Sabedoria) em Alguns Minutos por Dia ou Seu Dinheiro de Volta.
Nossa! O senhor pode nos contar como ela funciona? Trata-se, muito simplesmente, de LER.
Isso é uma sigla? Verbo. Ler o quê? Tudo o que cair em suas mãos! Folhetos, folhetins, fascículos, panfletos e literatura de cordel. Jornais (grandes, pequenos, nanicos e alternativos), revistas (gerais, profissionais, técnicas… até da concorrência), boletins, fichas de receita, anúncios, embalagens, bulas, enciclopédias, circulares, relatórios, o manual de proprietário do seu carro, quadrinhos, dicionários, programas de teatro, discursos, cartas de amor e — se possível — até alguns livros… Em qualquer lugar. E especialmente no trânsito, no banheiro, no ônibus, no avião, na praia, no elevador, no metrô, no intervalo do jogo no Estádio do Morumbi e — naturalmente — na sala de espera do médico ou dentista. Onde quer que você esteja. Em qualquer momento disponível. Quando não conseguir dormir, quando se encontrar em qualquer fila, no café-da-manhã, na hora do almoço (ou — se estiver de regime — no lugar do almoço), entre duas partidas de tênis no clube, durante os comerciais… até em vez de assistir a uma novela! O importante é reservar tempo para ler. Escolha a hora que quiser. Acorde mais cedo. Durma mais tarde. Mude algum programa. Mas… leia!
A liberdade é a exceção da História, não a regra; é aquilo que os homens buscam, não o que possuem”. (Arthur Schlesinger)
… Se me permitirem acrescentar mais uma recomendação àquela básica, eu lhes diria: sempre que possível, leiam com um lápis ou caneta na mão. Marquem os trechos que acharem importantes. Recortem artigos de jornais e revistas. Colecionem as frases ou parágrafos de que gostarem, como outras pessoas colecionam selos, figurinhas, autógrafos, conchas ou chaveiros. Classifiquem seus achados, arquivem-nos, troquem-nos com seus amigos… E voltem, sempre, para saboreá-los. Descobrirão que a sua coleção através dos anos revelará muitas coisas importantes a respeito de si próprios. Bem, se isso não trouxer sorte e sucesso, garanto que — no mínimo — trará sabedoria e muita satisfação.
O que não muda? Nossa credibilidade continua sendo nosso principal ativo. Daí a fundamental importância da rígida separação entre editorial e publicidade. É o certo a fazer, moral, ética e filosoficamente, como também (e felizmente) o que convém fazer pensando a longo prazo. É o que, afinal, transformou cada uma das nossas publicações na revista líder do seu setor. E é o que vai mantê-las nessa posição e fazê-las crescer e continuar contribuindo para o desenvolvimento do país no futuro.
O que mais não muda?… Um jornalista precisa de escolas, sim — escolas sem rótulos, que ensinem história, literatura, economia, ciência, filosofia, direito… o universo! Um jornalista precisa aprender a pensar, analisar, questionar, usar a cabeça. Um jornalista precisa ler muitos livros, precisa ser curioso, querer saber sempre o porquê das coisas, todas as coisas. E precisa gostar de contar o que descobre, de contar histórias…
Quando o senhor sabe que uma publicação está no caminho certo? Existem muitas variáveis, mas a infalível é quando os jornalistas de uma revista acreditam que o leitor é o seu verdadeiro patrão. Quando eles trabalham unicamente para atender às necessidades desses leitores, por meio de um jornalismo sério, bem pautado, bem apurado, bem escrito, bem editado — resultando em revistas honestas, bonitas, úteis e surpreendentes.
O senhor mesmo gosta de dizer, citando Thomas Jefferson, que apesar de todos os defeitos é melhor ter imprensa imperfeita do que nenhuma, certo? Aos críticos, nunca é demais repetir: não criamos os fatos, não inventamos a natureza humana, não somos deuses com o poder de alterar o curso dos acontecimentos (…)Nosso Rui Barbosa definiu bem a necessidade da imprensa ao afirmar que ela é “a vista da nação. Através dela a nação acompanha o que se passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam ou roubam, percebe onde lhe alvejam ou nodoam, mede o que lhe cerceiam ou destroem, vela pelo que lhe interessa e se acautela do que a ameaça”.
Para finalizar, se fosse preciso escolher um único indicador de qualidade da imprensa, qual seria? Quanto mais independente do governo, maior será a contribuição da imprensa e da livre-iniciativa ao desenvolvimento do país.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/%E2%80%9Co-leitor-e-o-verdadeiro-patrao%E2%80%9D
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º – Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º – É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística
“… o homem público está sujeito a críticas. Exatamente pela função que exerce, mesmo porque o poder lhe advem da autoridade da lei e da soberania do povo. Age por delegação e não por direito próprio e por isso mesmo deve explicações sobre os seus atos (…) Tanto mais ácida ou contundente será a crítica quanto mais alto for o cargo ocupado pelo homem público. Quanto mais altas as funções, mais se exige dos homens que as ocupam (…) Surpreendidos em práticas irregulares, não podem se queixar do direito de crítica exercido pela imprensa e assegurado pela Constituição e pelas Leis. Mesmo quando esse direito é exercido com certos excessos. Mais importante que a eventual suscetibilidade ferida é o direito da nação em ser bem informada …”
(decisão de um Juiz paulista em processo contra Fernando Collor de Mello, quando este mandou a Polícia Federal invadir o jornal A Folha de São Paulo; Em Mário Sérgio Conti, Companhia das Letras, SP, 1999, fl. 508)
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