DEUS É FIEL?

Sempre haverá quem queira enganar, inclusive a Deus, como diria Francis Bacon (1561/1626). Mas, será que, quando alguém bate no peito jurando alguma coisa, pode estar necessariamente não mentindo? Certamente, não. Afinal, há milênios se prega que o importante para Deus não são as obras (atos), mas a fé. Logo, todos (menos os materialistas, claro; veja EM 2011, TODOS OS SONHOS SERÃO VERDADE?) estamos livres para tudo, desde que se creia ou peça perdão por um ou outro gesto que agrade menos a deus. Se for assim, o que importa, afinal, para o Criador: o que se fala ou o que se faz? A Religião ou a Ética?

 Jesus, O Maior Psicólogo Que Já Existiu (Baker, Mark W., Editora Sextante, RJ, 2005)  é uma obra em que o autor, como terapeuta, destaca a importância do relacionamento (dia-a-dia, atos) para a alma. Não se trata de apelo ético (consciência, reflexão, princípios, pensar no outro, moralidade…) mas de recomendação médica: relações sadias. Por isso, o seu subtítulo é Jesus e a sabedoria da alma. Como Inteligência Emocional, a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente, do também norte-americano Daniel Goleman (Editora Objetiva, SP), esse livro tem a intenção de ajudar o leitor a entender e melhorar o seu dia-a-dia, inclusive no trabalho.

É de boa índole, como toda boa obra: respeito, humildade (o oposto de arrogância), força de caráter e boa-fé são o seu receituário. Tudo aquilo, aliás, que, além dos milagres, consagrou o poderoso comunicador de Nazaré, a quem os mais renomados especialistas se referem como o mais profundo dos revolucionários. A sua pregação, concordam eles, foi de um novo reino, baseado em novas relações: mais fraternidade, menos sede de si. E, claro, um novo deus: mais misericordioso e menos venerável por sacrifício (um “Deus-pai). Jesus morreu crucificado, mas, como meio de salvação, convidou a um novo espírito, uma nova alma. Foi seguido. Mas até onde? Em Olhai os Lírios do Campo, sua obra quase contra os canalhas, Érico Veríssimo vai ao Sermão da Montanha (“…olhai os lírios do campo, eles não tecem nem fiam, e, no entanto, nem o Rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles…”) e  impetra: “…e quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu… ”

Deus é fiel?  A quem caberia a fidelidade?

 Senhor da natureza humana, que, centrada em interesse, sempre desenvolveu violência, Cristo sabia das fraquezas que só com princípios (e , como ele cria) poderia contornar. Considerando que a boa moralidade se origina nos bons relacionamentos, Mark Baker leva à bíblia algum material colhido no consultório e nota que, sob a linguagem rica da parábola cristã, a psicologia já estava. E a ética, já que era por relações sadias (decentes) que se cavava:  

“…amai uns aos outros…” ; “…limpa primeiro o interior do copo e todo o copo ficará limpo…” ; “…a sabedoria é demonstrada pelas ações…” ; “…pelo fruto é que se conhece a árvore…” ; “…por fora pareceis justos, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e perversão…” 

Não sendo brasileiro, o autor certamente não conheceu 

http://www.youtube.com/watch?v=NGseY0CCCZc

(O HOMEM, Roberto Carlos), uma das mais tocantes obras da simbologia nacional.  O terapeuta não se quis literário. Mas, brilhou: “roubar furta a alma do ladrão”.

Feliz natal. Próspero ano novo.

  • Este texto passou rapidamente pelo site Sindjufe-ba em dez/07 e foi dedicado aos diretores do SDFS, Eduardo e Rose, e demais colegas.

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DOGVILLE 

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